Novo estudo mostra áreas de alimentação e dieta do Pato-Marinho

Novo estudo mostra áreas de alimentação e dieta do Pato-marinho (Sula leucogaster) durante a época de reprodução nas ilhas Tinhosas (São Tomé e Príncipe).

Neste trabalho foi estudada a distribuição alimentar (através do seguimento com dispositivos GPS) do Pato-marinho (Sula leucogaster), bem como a sua dieta, durante a época de reprodução na Tinhosa Grande.

Os resultados mostram que esta espécie se alimenta até 200 km de distância da colónia, sendo que as fêmeas realizam as viagens mais longas. Ambos os sexos mostraram uma preferência por águas oceânicas muito profundas (com mais de 2000 m de profundidade) para se alimentarem, para sul das ilhas Tinhosas, sendo que nunca se alimentaram nas plataformas continentais. A dieta mostrou uma preferência destas aves por peixes pelágicos juvenis e também lulas (Sthenoteuthis pteropus). A maioria das presas capturadas pelo Pato-marinho, foram peixes que se distribuem na zona pelágica oceânica enquanto são juvenis, e apenas quando são adultos se distribuem em águas costeiras. Exemplo disso foi o Concon (Dactylopterus volitans), a espécie mais abundante encontrada na dieta do Pato-marinho durante este estudo.

Este resultado realça que a conservação destas aves marinhas depende não só da gestão apropriada da colónia reprodutora e das áreas de alimentação, mas também das zonas costeiras adjacentes que suportam os indivíduos adultos de algumas das suas presas.

As ilhas Tinhosas, localizadas aproximadamente a 20km a sul da ilha do Príncipe, na República Democrática de São Tomé e Príncipe, albergam uma das colónias mais numerosas de aves marinhas na zona do Atlântico tropical este. Nestas ilhas estima-se que nidifiquem 738 casais de Pato-marinho, juntamente com 140 000 casais de Gaivina-de-dorso-preto (Onychoprion fuscatus), mas também Anous stolidus e A. minutus.

A população de Pato-marinho das ilhas Tinhosas diminuiu em cerca de 60% nos últimos 20 anos, muito possivelmente devido à perseguição das aves na colónia por humanos, para consumo e venda. Este é o primeiro estudo sobre a sua ecologia alimentar com informações relevantes para a conservação desta população.

Este trabalho foi realizado por membros da Fundação Príncipe; Fauna & Flora International; MARE- ISPA Instituto Universitário e CESAM, Universidade de Lisboa, como parte do projecto “Establishing a network of marine protected areas across São Tomé and Príncipe through a co-management approach” (https://www.blueactionfund.org/wp-content/uploads/2018/10/Factsheet_FFI.pdf

Fundação Príncipe