Recolha de Dados do Esforço de Pesca

Neste mês de Dezembro, o projeto Omali Vida Nón destaca a recolha de dados do esforço de pesca, que tem sido uma atividade de grande importância no processo de estabelecimento de uma rede de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) em São Tomé e Príncipe. As AMPs em São Tomé e Príncipe têm como um dos objetivos assegurar e conservar a biodiversidade marinha e a sustentabilidade das pescas num país considerado um dos países mais dependentes da pesca, onde o peixe contribui para 75% da proteína animal consumida no arquipélago.

A recolha de dados do esforço de pesca é feita por pescadores e palaiês das diferentes comunidades piscatórias da ilha, aos quais chamamos de extensionistas. Os extensionistas recolhem informações sobre os pescadores de pesca artesanal, as artes de pesca que praticam, incluindo esforços e áreas de pesca, tipos e quantidade de pescado, tamanho e peso de algumas espécies selecionadas, entre outras.

Estes dados têm sido fundamentais no processo de Estabelecimento de uma Rede de AMPs em São Tomé e Príncipe, uma vez que informação como as artes de pesca usadas na ilha e as áreas de pesca (por arte e tipos de espécies) foram tidas em consideração aquando da seleção e delimitação das AMPs (de forma a não impactar demasiado as zonas de pesca utilizadas pelos pescadores).

Para além disto, os dados de esforço de pesca, vão ser essenciais para a monitorização sócio-ecológica das AMPs quando estas entrarem em vigor, uma vez que vão ajudar a monitorizar o impacto da gestão e conservação destas áreas. Informações sobre o uso das AMPs pelos pescadores e as espécies pescadas, vão permitir-nos ter uma ideia, não só do impacto das AMPs sobre a actividade de pesca na ilha, como também se as AMPs estão a permitir que os habitats marinhos recuperem o número e abundância das espécies marinhas e consequentemente ajudar a definir medidas de fiscalização, gestão e mitigação.

Texto por Cileine Fernandes, Assistente de Projeto